"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

terça-feira, 16 de março de 2010

O verbo tem que pegar delírio.

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.

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Um girassol de apropriou de Deus: foi em
Van Gogh.

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Manoel de Barros, em O livro das Ignorãças.




marcus de barros, em peixebola,
infinitamente menor, obviamente.

saramago, haitis

Quantos Haitis?

No Dia de Todos os Santos de 1755 Lisboa foi Haiti. A terra tremeu quando faltavam poucos minutos para as dez da manhã. As igrejas estavam repletas de fiéis, os sermões e as missas no auge… Depois do primeiro abalo, cuja magnitude os geólogos calculam hoje ter atingido o grau 9 na escala de Richter, as réplicas, também elas de grande potência destrutiva, prolongaram-se pela eternidade de duas horas e meia, deixando 85% das construções da cidade reduzidas a escombros. Segundo testemunhos da época, a altura da vaga do tsunami resultante do sismo foi de vinte metros, causando 600 vítimas mortais entre a multidão que havia sido atraída pelo insólito espectáculo do fundo do rio juncado de destroços dos navios ali afundados ao longo do tempo. Os incêndios durariam cinco dias. Os grandes edifícios, palácios, conventos, recheados de riquezas artísticas, bibliotecas, galerias de pinturas, o teatro da ópera recentemente inaugurado, que, melhor ou pior, haviam aguentado os primeiros embates do terramoto, foram devorados pelo fogo. Dos 275 mil habitantes que Lisboa tinha então, crê-se que morreram 90 mil. Conta-se que à pergunta inevitável “E agora, que fazer?”, o secretário de Estrangeiros Sebastião José de Carvalho e Melo, que mais tarde viria a ser nomeado primeiro-ministro, teria respondido “Enterrar os mortos e cuidar dos vivos”. Estas palavras, que logo entraram na História, foram efectivamente pronunciadas, mas não por ele. Disse-as um oficial superior do exército, desta maneira espoliado do seu haver, como tantas vezes acontece, em favor de alguém mais poderoso.

(.continua...)

(para ler o resto do artigo, aqui>>: http://caderno.josesaramago.org/2010/02/08/quantos-haitis/)


Colhido do blog Caderno de Saramago,




por marcus de barros... o também, por vezes, copista.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Manoel de Barros - d'O Livro das Ignorãças

















O rio que fazia volta atrás de nossa casa
era a imagem de um vidro mole que fazia uma
volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta
que o rio faz por trás de sua casa se chama
enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.


Manoel de Barros, em O Livro das Ignorãças.




marcus de barros.

quinta-feira, 11 de março de 2010

tentativa de diagnóstico

amigos,
sobre este assunto - que virá - digo primeiramente que é uma metáfora profunda e que minha vontade é de escrever apenas uma frase na tentativa de pela inversão fazer com que a concisão traduza o extenso e complexo que disso está por trás:

este blog está doente, enfermo; quase em coma, diria...

o que se faz? a respiração pára, e nascem outras cousas? eutanásia? ou dá-se choques para tentar reanimar seu coração-virtual?




marcus.
reticente...

segunda-feira, 1 de março de 2010

morrison

por uma série de pequenos motivos e encontros (des)conexos aparentemente, escolho retomar as postagens aqui com essa matéria que acabo de ver em um blog que não este.

o endereço é: http://anos60.wordpress.com/2009/03/01/mortes-tragicas-no-universo-rock-jim-morrison/

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“Somos conduzidos ao massacre por plácidos almirantes. Lerdos e obesos generais tornam-se obscenos pelo sangue jovem”. Jim Morrison

jim_morrison-in-black

James Douglas Morrison (Melbourne, Flórida, 8.12.43 – Paris, 3.07.71) devia saber o que estava falando pois ele próprio era filho de um almirante. Jim Morrison, o Rei Lagarto, “Eu sou o Rei Lagarto, posso fazer tudo”, disse certa vez, assim como um dos slogans de Maio 68, “Nós queremos o mundo e o queremos agora”.

the_doors2p

A história oficial diz que na última noite de sua existência, Jim Morrison foi ver 2 filmes com sua namorada, Pamela Courson, em Paris, e depois foram para a cama. Ela conta que Jim sentiu-se mal e foi tomar um banho para se reanimar. Foi encontrado na banheira às 5 horas da manhã por Pamela. O que consta nos autos é que sua morte foi causada por um ataque cardíaco. Ele chegou a Paris depois que, em 1969, culpado de comportamento indecente durante um concerto – botou o pau prá fora e simulou masturbação – foi condenado a 70 anos de prisão, mas o pagamento de uma fiança de US$ 50.000 livrou-o provisoriamente. Esse evento foi responsável pela anulação dos concertos dos Doors.

jim-morrison-abrindo-a-calca

Jim andava pelas ruas de Paris carregando seus escritos em uma sacola plástica e fazia festas com seus amigos.

Também consta que Pamela não o tenha avisado de que aquilo não era cocaína e sim heroína da maior pureza. Significa que em primeiro lugar, Jim não era tão chegado em heroína. E depois, que, acostumado a uma determinada dosagem, ao usar essa dosagem com heroína pura, foi fulminado com uma overdose. Ainda há a hipótese de que Jim suspeitava que seria o nº 4 a morrer – depois de Jimi Hendrix, Janis Joplin e Brian Jones, a turma do j, todos com 27 anos – numa maquinação de autoridades americanas.

morrisonjim032207

Porém, pesquisando em jornais parisienses, descobri que na edição de 21 de julho de 2007 do Le Nouvel Observateur (v. http://www.challenges.fr/depeches/20070720.REU6075/), pouco depois do aniversário de 36 anos de sua morte, uma matéria da jornalista Dominique Vidalon conta que na data acima, através de um livro, Sam Bernett, o antigo gerente de uma boate parisiense, o Rock and Roll Circus, afirma que Jim Morrison morreu em uma das toilletes masculinas de seu clube, depois de uma overdose de heroína. Diz que manteve sua história secreta até que sua mulher deu-lhe a idéia de escrever um livro. “A turma de Jim Morrison, seus amigos próximos e sua namorada Pamela Courson decidiram pela versão de que não era uma questão de drogas, álcool ou overdose. Não polemizei por respeito à sua família e à seus amigos”, explica Bernett, em entrevista à Reuters no Flore, um café de Saint-Germain-des-Prés, um dos preferidos de Morrison. Disse que decidiu escrever para que a verdade seja enfim conhecida. No livro, intitulado “The End: Morrison”,

sam-bernett

Bernett conta que na noite de sua morte, Morrison foi visto em seu clube e que se encontrou com 2 homens que lhe venderam a heroína. Essa versão contradiz totalmente à contada por Pamela à polícia. Bernett diz que Morrison conhecia todas as celebridades que frequentavam o R&R Circus : Marianne Faithfull, Roman Polanski, Salvador Dali, etc.

jim-com-pamela

Alguém forçou a porta da toilette que estava fechada e descobriu Morrison caído no chão. “Sua face estava cinzenta, os olhos fechados e havia sangue saindo de seu nariz. E uma baba com espuma em torno da boca ligeiramente aberta. Jim não respira mais”, conta ele. Continua, dizendo que os 2 traficantes queriam crer que ele estava apenas inconsciente. Ele acha que Morrison foi levado ao seu apartamento e colocado na banheira na tentativa de reanimá-lo.

Jim Morrison foi enterrado em 7 de julho de 1971 no cemitério Père Lachaise. Não foi feita autópsia. Lá, seus vizinhos são Fréderic Chopin, Balzac, Edith Piaf, Alan Kardec, Oscar Wilde.

jim-morrison-grave

A estranha inscrição KATA TON AIMONA EAYTOY, é uma frase em grego. Antes do Aimona tem um triângulo que pode ser lido como Delta, o D grego. Então ficaria, KATA TON DAIMONA EAYTOY, e significa ” CONTRA O DEMÔNIO INTERIOR”. O que resume sua vida.

Pamela Courson morreu de overdose em 1974, também com 27 anos.

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por hoje, é isso. ponto.

marcus.