"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

terça-feira, 11 de dezembro de 2007



Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.




Composição: Carlos Drummond de Andrade









achei que esse poema tá bem "no momento" que estamos vivendo...

e vem durando bastante...



"a gente não pode esquecer". "não me deixem esquecer que a gente nao pode esquecer".







marcus.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

A Título De Nada

Em branco. Eu solicito uma folha em branco, um dia em branco, por minhas mãos pintá-lo, por meio de emoções “minhas”, e vontade, o desejo. Não nasci para me manter sem paixão, não nasci apenas para comprar o pão. Sim, eu sou um ralo, minha vida corre rio abaixo, no asfalto, nos segundos. Mas deixe que faço de mim mesmo um ralo, não deixando tornar-se por obra do asfalto nem dos constructos recíprocos. O que serei será do vento, o que digo “o ser” de maior importância. Porem, a agitação que motiva as idas e vindas, arremessa o corpo a exorcizar energias, e eis uma lógica. Descobrir-se como músculos então, a sentir sua composição, o suor, a força, a prática, a adaptação são adventos a serem buscados numa difusão ainda em, mais e mais conotações. Os ciclos das energias que existem, são freqüências de fontes indiferentes, o dizer que fecha a interpretação de suas experiências não deve compor grande significância. Sobre o outro, outra absorção, e coisas das quais não se falarão, sem consenso. Milhões de palavras se aplicam a milhões de momentos. Estas escrevo, e estas não são minhas por exemplo, por exemplo.

A obra de Iman Maleki

Olhar.
porque:
Apenas olhar (!) não se concebe;


- Há vida dentro e fora. (O abstrato)
- Não há vida. (A lógica)
- Não é morto.
(O abstrato)
- Nem está vivo. (A lógica)
- É uma Pintura. (O abstrato)
- Não somente.
(A lógica)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007


dentro de uma janela
me sinto querer uma varanda

mas dentre uma cortina e uma meia
me sinto querer uma cama

ou quem sabe o chão..






marcus


Foto: Penélope Cruz