"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

FRIDAY, NOVEMBER 26, 2010

Connection

Every moment of our lives
Is a necessary moment
And all that happens around us
Interacting with what happens inside us

Nothing is for granted
There is one continuous flow
To everything that happens

Like waking up from heavy sleep,
You look around and ask,
Where are we?

The pathways of our lives
Have led us to this very hour
And all that it encounters

Like scenes of every day

Direction is unseen
But binds within our eyes
Subconsciously speaking



** acabo de ver a ultima postagem de gilsinho em seu blog.
e ler isso dà a sensaçao que ele tava tranquilo...

marcus.

movimento

Acabo de saber da morte-escolhida de um amigo.
Ponto.
Mais clara e duramente, do recente suicidio do amigo Gilsinho.
Reticências...
Primeiro, a tentavita de compreender, a partir de quaisquer que sejam as referências ou julgamentos errôneos ou não que atribuamos a ele, é uma tentativa de compreensão inutil e vã.
Segundo, não hà forma delicada nem correta de comunicar o episòdio.
Entre os soluços de um choro desesperado e repentino e a reflexão mais vasta que posso conceber, pensei e primeiramente não quis comentar nem escrever nada sobre. Calar. Silenciar. Mas em seguida senti que sua imagem e legado são de tal maneira fortes em mim que me é impossivel não exprimir minha surpresa plena de tristeza e questionamentos. E aliàs, a vida, mesmo fora de tal episòdio, não merece silenciamentos.
Palavras, escrita, texto, me parecem ridiculamente ìnfimos agora. Paradoxalmente, parece não haver nada a ser dito.
Mas as làgrimas e o choro silenciosos não bastam...
È preciso refletir acerca disso, talvez infinitamente. E escrever-lhes, amigos, talvez seja apenas um ato um tanto desesperado de alguém que tà longe sem o conforto do abraço de um corpo amigo, mas sinto uma causa maior sobre tudo isso.
Sei que quem o conheceu bem pode atribuir sentidos vàrios a tal ato "disparatado". Pois o suicidio nunca foi uma solução. Aliàs, não consigo atribuir nem caràter de covardia nem de coragem... fuga? busca? sobra de quê? falta de quê? ... talvez confusão e solidão.
Não sei. Imagino que nem o pròprio Gilsinho saberia de fato responder, mesmo que o quisesse.
Sei que apenas não representa uma solução.
Sem nada a dizer diretamente, queria apenas convidar-nos todos à reflexão - sempre continuada - acerca de nossos caminhos, nossos movimentos, nossas escolhas, nossos "paradeiros". Eu tenho escolhido - e cada vez mais - o movimento. No movimento vejo o motor da vida. Denominamos de tempo a sequência de movimentos que vão modificando nossas personalidades, nosso dia-a-dia, nossos hàbitos, nosso mundo, nossa memòria, nossos amigos. E, por mais que em Gilsinho como corpo não exista mais movimento, em mim (em nòs) hà seu movimento, seu legado, seus questionamentos, sua "busca pela verdade", sua mùsica, seus dedos finos... Somos todos formados um pouco pelos outros. Tenho em mim pedaços, idéias, pensamentos, sorrisos e choros dos que me rodeiam. Me vejo em vàrios momentos dizer algo que sei que veio de um ou de outro amigo, e que agora està em mim, que é "eu". Que movimentemos e que mantenhamos acesa a chama dos que nos importam dentro de nòs, que percebamos o quanto o outro importa ao ponto de nunca esquecermos de ir ao seu encontro, de fazer uma visita de 5 minutos que seja, ou simplesmente mandar algumas palavras, doces ou amargas, mas que comunique algo, onde haja uma troca. 
Sinto falta do ultimo abraço que poderia ter dado no meu amigo querido que foi se distanciando aos poucos até desaparecer, como agora. Sinto falta dos abraços amigos que poderia ter agora e não tenho. Sinto vontade de movimento e isso me faz continuar, não sei se sempre firme, mas sim forte em direçao ao mundo e principalmente aos que queremos mais bem.
Apenas pra deixar um tanto mais claro, a intenção de escrever o que escrevo agora é de soltar um suspiro de importância às amizades valiosas que temos e que o mesmo movimento que traz leva, como uma onda nesse oceano que nos separa.
Fico guardado no proximo abraço que possamos dar, pleno de calor e de vida, pois é o que parece mais interessar hoje e sempre.
Gilsinho, sempre o amei e sempre o amarei.
O amor é uma palavrinha que o uso carregou de pre-conceitos e de imagens desnecessàrias que até nos impede de utilizà-la comumente, mas que comporta em si o grande segredo dos nossos movimentos, mesmo que não o digamos. Sinto.
Com pesar, triste, porém cheio de vida,
Um abraço forte, morno e confortante,

Marquinho.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

eucronópios.blogspot.com

migos,
quero deixar registrado que criei e que estou escrevendo também nesse espaço: www.eucronopios.blogspot.com ; minha intenção é de escrever mais, assim como de fazer textos mais autorais, de organizar um pouco mais a minha desorganização literária - ainda ínfima, mas com o intuito de desenvolver-se.
convido-os à leitura, à reflexão e à criação e ao ócio também, quando necessário.
vale!

marcus de barros.

ps.: queria deixar uma atenção particular dedicada a esta postagem (no link): http://eucronopios.blogspot.com/2010/05/descoberta-da-poesia.html

sexta-feira, 21 de maio de 2010

força estranha

hoje, sensibilizado pelo clima interiorano das montanhas, fui pego de surpresa por uma música que há muito conhecia. porém, eu nunca havia sido colocado de tal maneira no âmago de sua significância.
uma cantora popular, um compositor popular, no entanto, uma sensibilidade tamanha. quando me percebi, estava com os olhos úmidos acompanhado da sensação de compreender a beleza que há no "existir" e no estar "atento e sensível" - através dos óculos maravilhosos da arte, ou seja, senti que ao encararmos o comum como singular, único, e o cotidiano com beleza e poesia, as palavras se tornam apenas escadas que podemos dispensar e continuar subindo... como grandes poetas o fazem - e o são também os que percebem a poesia no mundo, seja na palavra, seja numa paisagem, seja num gesto ou num rosto: poetas."estive no fundo de cada vontade encoberta". não compreendo como pessoas podem viver sem percebê-lo.
este, que escreveu tal poesia musicada, se chama caetano, e aqui está o meu motivo de hoje:




"Eu vi um menino correndo
eu vi o tempo brincando ao redor
do caminho daquele menino,
eu pus os meus pés no riacho.
E acho que nunca os tirei.
O sol ainda brilha na estrada que eu nunca passei.
Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou pra eu olhar para aquela barriga.
A vida é amiga da arte
É a parte que o sol me ensinou.
O sol que atravessa essa estrada que nunca passou.
Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha.
Eu vi muitos cabelos brancos na fonte do artista
o tempo não pára no entanto ele nunca envelhece.
Aquele que conhece o jogo, o jogo das coisas que são.
É o sol, é o tempo, é a estrada, é o pé e é o chão.
Eu vi muitos homens brigando. Ouvi seus gritos
Estive no fundo de cada vontade encoberta,
e a coisa mais certa de todas as coisas
não vale um caminho sob o sol.
E o sol sobre a estrada, é o sol sobre a estrada, é o sol.
Por isso uma força me leva a cantar,
por isso essa força estranha no ar.
Por isso é que eu canto, não posso parar.
Por isso essa voz tamanha."




marcus de barros. maio, 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

"O indivíduo quer ser alguém" (Paulo Gaudêncio, Tom Zé)

Ninguém aguenta ser massa, o indivíduo quer ser alguém (Paulo Gaudêncio sobre a cidade de São Paulo)
Tom Zé no quadro arquivo do Radiola na TV Cultura - música "A Gravata".
(Não descobri a data desta gravação, mas imagino que esteja entre 68 e 71, 72...)




Quero compartilhar também o texto escrito na contra-capa do primeiro LP do Tom Zé, de 1968 (que acabo de descobrir e ler).


"Somos um povo infeliz, bombardeado pela felicidade. O sorriso deve ser muito velho, apenas ganhou novas atribuições. Hoje, industrializado, procurado, fotografado, caro (às vezes), o sorriso vende. Vende creme dental, passagens, analgésicos, fraldas, etc. E como a realidade sempre se confundiu com os gestos, a televisão prova diariamente, que ninguém mais pode ser infeliz. Entretanto, quando os sorrisos descuidam, os noticiários mostram muita miséria. Enfim, somos um povo infeliz, bombardeado pela felicidade.(As vezes por outras coisas também). É que o cordeiro, de Deus convive com os pecados do mundo. E até já ganhou uma condecoração. Resta o catecismo, e nós todos perdidos. Os inocentes ainda não descobriram que se conseguiu apaziguar Cristo com os privilégios. (Naturalmente Cristo não foi consultado). Adormecemos em berço esplêndido e acordamos cremedentalizados, tergalizados, yêyêlizados, sambatizados e missificados pela nossa própria máquina deteriorada de pensar. "-Você é compositor de música "jovem" ou de música "Brasileira"?" A alternativa é falsa para quem não aceita a juventude contraposta à brasilidade.. (Não interessa a conotação que emprestam à primeira palavra). Eu sou a fúria quatrocentona de uma decadência perfumada com boas maneiras e não quero amarrar minha obra num passado de laço de fita com boemias seresteiras. Pois é que quando eu abri os olhos e vi, tive muito medo: pensei que todos iriam corar de vergonha, numa danação dilacerante. Qual nada. A hipocrisia (é com z?) já havia atingido a indiferença divina da anestesia... E assistindo a tudo da sacada dos palacetes, o espelho mentiroso de mil olhos de múmias embalsamadas, que procurava retratar-me como um delinquente. Aqui, nesta sobremesa de preto pastel recheado com versos musicados e venenosos, eu lhes devolvo a imagem. Providenciem escudos, bandeiras, tranquilizantes, antiácidos, antifiséticos e reguladores intestinais. Amém.
TOM ZÉ
P.S.: Nobili, Bernardo, Corisco, João Araújo, Shapiro, Satoru, Gauss, Os Versáteis, Os Brazões, Guilherme Araújo, O Quartetão, Sandino e Cozzela, (todos de avental) fizeram este pastel comigo.
A sociedade vai ter uma dor de barriga moral
O mesmo"     (Tom Zé - 1968, contracapa do LP)






marcus de barros

terça-feira, 4 de maio de 2010

Dez clássicos para reler (por Pedro Maciel)

Hoje, me deparei com esse texto e, além da súbita percepção de que ele poderia adornar minha agenda, tive vontade repentina de compartilhá-lo com vocês, amigos.

Outro comentário que julgo importante para esse instante que escrevo é que este site, onde encontrei o texto referido, é excepcional - contém muita coisa boa (boa de verdade, a julgar pelo nome): http://www.cronopios.com.br. Vale tê-lo como favorito daqueles que se lê quase todos os dias.

Postagem "copiada" por: Marcus de Barros - contribuição para o Peixebola. Agradeço o autor do texto que segue, mesmo sem o conhecimento do mesmo - agradecem os interessados.

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Dez clássicos para reler


Por Pedro Maciel


O que entendemos como um livro clássico? Este adjetivo descende do latim classis, frota, ordem. Chama-se de clássico um livro que “as gerações dos homens, urgidos por razões diversas, lêem com prévio fervor e com uma misteriosa lealdade”, anotou Jorge Luis Borges. O clássico nos ensina algo universal que, de certa forma, nos liga a uma vivência particular. Reler o clássico é descobrir nas dobras da memória não só a história do passado mas sobretudo o enredo de um provável futuro das relações humanas.

“Ulisses”, romance-experiência de James Joyce, escrito entre 1914-1921, é uma obra fundamental da ficção do século XX. Joyce ousou inventar uma prosa-poética que ainda hoje é vista com estranhamento pelas cabeças normais do público leitor. “Ulisses” recupera a linguagem em seu estado natural, anterior à gramática. O ritmo não é medida _ como muitos pensam _ mas tempo original e, ainda, uma maneira de ver o mundo.

Outro clássico que se revela inédito a cada releitura é “Grande Sertão Veredas” (1956), de Guimarães Rosa. Este romance é o grande marco inovador na literatura brasileira de todos os tempos. Rosa retrata um país arcaico, sem passado ou futuro, um país que ensina quem somos. O texto é uma reescritura dos romances medievais (modelo barroco), épico, discussão entre Deus e o diabo.

“Os Sertões”, de Euclides da Cunha, é um livro que nos ensina algo que não sabíamos, descobrimos nele algo que sempre soubéramos ou acreditávamos saber... Euclides, com sua escrita virtuosística, faz uma interpretação histórica do País a partir da cultura do sertão. Canudos é uma idéia euclidiana da desilusão da utopia republicana. Narrativa da realidade social e cultural de um povo deslumbrado, cego pela fé religiosa e que preferiu se consumir no fogo, para reviver a maldição bíblica.

Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1880), de Machado de Assis, é um exemplo de clássico que precisou de tempo para encontrar o seu lugar certo. O romance em forma de monólogo autobiográfico é um divisor na obra de Machado. O bruxo do Cosme liberta-se do romantismo e inaugura o estilo realista que aborda temas como adultério, hipocrisia e egoísmo. Mas Machado rejeita tanto o determinismo social quanto a prosa descritiva dos realistas, segundo os críticos. A prosa machadiana, narrativa não-linear, original e radicalmente cética, nos revela a dimensão fundamental do tempo, dá sentido à vida banal e ordinária através da experiência humana.

Segundo Ezra Pound, mestres são os “homens que combinaram um certo número de tais processos e que os usaram tão bem ou melhor que os inventores”. Franz Kafka é um dos mestres deste século, autor de “Metamorfose”, texto singular da literatura universal. O anti-herói Joseph K. nos leva a descobrir a história dos pesadelos do mundo moderno. A subordinação e as situações intoleráveis são as idéias centrais da narrativa. Pode-se afirmar que este romance expressa o fantástico, o incompreensível, a opressão, o estranho e a sátira ao invés do patético. O texto desmistifica a organização social que se perpetua, graças a paciência dos subordinados que morrem sem imaginar os seus direitos.

Outro livro que merece ser relido, (clássico é o livro que estamos sempre relendo...), é “As Mil e Uma Noites”, texto estabelecido a partir dos manuscritos originais por René R. Khawam. Na época provável em que se redigiram as “Mil e Uma Noites” (século XIII), o Islã atravessava uma crise, o poder era contestado e havia ameaças nas fronteiras, segundo historiadores. As aventuras da bela Xerazade e os contos narrados para entreter seu interlocutor, o sultão Xeriar, é um conjunto de novelas exemplares situado entre os “livros permanentes” da história da literatura.

Eupalinos ou O arquiteto _ Escritos de circunstância” (1921), de Paul Valéry, reflete sobre o processo de criação arquitetônica. Valéry, poeta-crítico, cria um clássico a partir de um diálogo imaginário entre Sócrates e Fedro. “Dialogue des morts”, era como seria chamado o texto em sua primeira edição. Fedro e Sócrates habitam nas noites alucinadas do inferno. Pairam sobre eles a idéia da reflexão dos mortos. Uma idéia assombrada. Conversam sobre as limitações e emoções de uma vida que poderia ter sido.

“Uma Temporada no Inferno & Iluminações”, de Arthur Rimbaud, inaugurou a literatura do desespero, do assombro, do inconformismo, da beleza perdida, do visível e do imaginário. Segundo George Steiner, Rimbaud “deixou sua impressão digital na linguagem, no nome e no temperamento do poeta moderno, como Cézanne o fez com as maçãs”.

Virginia Woolf é conhecida sobretudo como uma romancista que aperfeiçoou modernas técnicas de narrar, como as do monólogo interior e do fluxo de consciência. “Orlando”, de Woolf, é o romance mais popular da escritora, mas o texto mais inovador e revolucionário em termos de forma é “As ondas”, em que o cotidiano dispensa enredo, ação, e surge de puras sensações.

Outro clássico da literatura moderna é “O Estrangeiro”, de Albert Camus. O escritor franco-argelino explora os temas que sempre o atormentaram, como a solidão, o destino do homem diante do mundo indiferente e o absurdo da condição humana. Camus descreve a “doença do espírito” de que sofrem os tempos atuais. “O absurdo nasce da confrontação do apelo humano com o silêncio despropositado do mundo”. Através do “absurdo” o autor decifra o verdadeiro sentido da vida. Mas a vida, segundo Camus, será vivida melhor ainda se não tiver sentido.

Pedro Maciel é autor do romance Como deixei de ser Deus (Editora Topbooks, 2009). Segundo o filósofo e poeta Antonio Cícero, “de certo modo, é o tempo o verdadeiro tema desse livro, que pode ser considerado uma espécie de Bildungsroman, isto é, de romance de educação ou formação. Pode-se dizer que é justamente a intensa capacidade de instigar a sensibilidade, o pensamento e a imaginação que constitui um dos maiores encantos de Como deixei de ser Deus”. Já o escritor Moacyr Scliar diz que, “Como deixei de ser Deus foi para mim uma gratíssima surpresa, pela originalidade, pela profundidade e pela transcendência do texto”. Pedro Maciel, segundo o poeta e tradutor Ivo Barroso, "nos faz acreditar que a literatura brasileira possa ainda apresentar alguma coisa de novo que, curiosamente, remonta à própria arte de escrever: o estilo. O seu primeiro romance A Hora dos Náufragos (Bertrand Brasil, 2006) perturba pela força da linguagem. O que há de mais próximo desse livro seriam os famosos fusées de Baudelaire". E-mail: pedro_maciel@uol.com.br

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**PS.: confesso que fiquei fortemente tentado a ler a obra deste Pedro Maciel, a julgar pelo que há neste último parágrafo.

(um eu, Marcus de Barros, conjecturando madrugada adentro...)

sábado, 1 de maio de 2010

A Suposta Existência

A Suposta Existência

Como é o lugar quando ninguém passa por ele?
Existem as coisas
sem ser vistas?

O interior do apartamento desabitado,
a pinça esquecida na gaveta,
os eucaliptos à noite no caminho
três vezes deserto,
a formiga sob a terra no domingo,
os mortos, um minuto
depois de sepultados,
nós, sozinhos
no quarto sem espelho?
Que fazem, que são
as coisas não testadas como coisas,
minerais não descobertos - e algum dia
o serão?

Estrela não pensada,
palavra rascunhada no papel
que nunca ninguém leu?
Existe, existe o mundo
apenas pelo olhar
que o cria e lhe confere
espacialidade?

Concretitude das coisas: falácia
de olho enganador, ouvido falso,
mão que brinca de pegar o não
e pegando-o concede-lhe
a ilusão de forma
e, ilusão maior, a de sentido?

Ou tudo vige
planturosamente, à revelia
de nossa judicial inquirição
e esta apenas existe consentida
pelos elementos inquiridos?
Será tudo talvez hipermercado
de possíveis e impossíveis possibilíssimos
que geram minha fantasia de consciência
enquanto
exercito a mentira de passear
mas passeado sou pelo passeio,
que é o sumo real, a divertir-se
com esta bruma-sonho de sentir-me
e fruir peripécias de passagem?

Eis se delineia
espantosa batalha entre
o ser inventado
e o mundo inventor.
Sou ficção rebelada
contra a mente Universal
e tento construir-me
de novo a cada instante, a cada cólica,
na faina de traçar
meu início só meu
e distender um arco de vontade
para cobrir todo o depósito
de circunstantes coisas soberanas.

A guerra sem mercê, indefinida
prossegue,
feita de negação, armas de dúvida,
táticas a se voltarem contra mim,
teima interrogante de saber
se existe o inimigo, se existimos
ou somos todos uma hipótese
de luta ao sol do dia curto em que lutamos.

De A Paixão Medida, 1980

Carlos Drummond de Andrade







marcus de barros

domingo, 25 de abril de 2010

Visita ao dicionário

Para refletir:

sinestesia (DO POETA)
(grego sunaísthesis, -eos, sensação simultânea, percepção simultânea)
s. f.
1. Produção de duas ou mais sensações sob a influência de uma só impressão.
2. Ret. Figura de estilo que combina percepções! de natureza sensorial distinta (ex.: sorriso amargo).

cinestesia (DO ATOR)
(cine- + -estesia)
s. f.
Sensibilidade nos movimentos.

cenestesia (DO SER)
s. f.
Sentimento vago que, independentemente dos sentidos, existe no nosso ser.





Marcus de Barros.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Primeiro há a mudança interna, estrutural, e só depois muda-se a face, a aparência.

.

Algo mudou dentro
em mim.
Como extensão, mudo fora
mundo fora, mudo - de mudar
e mudo - de voz
muito porém, com fala - contradicto
mesmo que seja calada
escrita.
Pode-se gritar pela escrita?
Sim, pode-se. E grito

Algo em mim mudou
forte.

Como extensão, pequena
porém, considerável, relevante
mudo também esta cara - virtual
Mudo de c(ô)r, mudo de c(ó)r
mudo de cara.
A mudança me é cara
é-me cara, não acaba
não pára. Para quê?

Se antes era barba, agora é pele
se antes preto, agora claro
se antes mudo, agora fala
se antes antes, agora agora.
Depois sempre virá, como agora.
Preto outra vez, barba nova longa
pele, cara, agora
mudo - de mudar.

Não à morte deste espaço-pedaço
considerei-a, porém
resisto
e faço viver - vivo. Revisto:
Re-visto.
Pensei até em mudar de nome - o espaço (este)
pedaço: eu
mas nome não muda
o esqueleto continua...
o aço é traço e braço.
Fica, mesmo quando muda.

O movimento, motor da vida
a mudança, condição de existência:
água parada apodrece, fede.
O caos, a desordem, a onda
são necessários ao vivo
o fluxo, o fluxo, uso
mudo - de mudar
tensão, limite: transcendência.
Como a poesia leva a linguagem ao limite
estende, expande, entende
força-a a mudar, eu mesmo faço o mesmo
a mim e ao meu mundo
mudo-de-mudar, não mudo-de-calar
falo, de falar:
Diz-se e vive-se:
mudo.


(Vida longa à poesia!)



ps.: meu maxilar treme...

ps2.: As fotos que ilustram o fundo do título deste espaço - blog - são uma homenagem ao fotógrafo Irving Penn. As personalidades são, respectivamente, da esquerda para a direita: S. J. Perelman, Pablo Picasso, Nadja Auermann, Salvador Dalí e Woody Allen.

ps3.: O Catador (de Manoel de Barros)


"Um homem catava pregos no chão.
Sempre os encontrava deitados de comprido,
ou de lado,
ou de joelhos no chão.
Nunca de ponta.
Assim eles não furam mais – o homem pensava.
Eles não exercem mais a função de pregar.
São patrimônios inúteis da humanidade.
Ganharam o privilégio do abandono.
O homem passava o dia inteiro nessa função de catar pregos enferrujados.
Acho que essa tarefa lhe dava algum estado.
Estado de pessoas que se enfeitam a trapos.
Catar coisas inúteis garante a soberania do Ser.
Garante a soberania de Ser mais do que Ter."

ps4.: Sinto-me um catador; que ganhou os globos oculares e a faculdade da visão há pouco, como que apreciando e gozando das primeiras imagens formadas em suas retinas; como se eu enxergasse apenas há algum tempo... toda minha vontade se expande em direção ao universo da busca do sentido, seja através de imagens ou de sensações/experiências... aliás, ver é a melhor forma de viver. eu vim ver. vamos?



marcus de barros.

Leminski

Deixo-o - ou melhor, ele se deixa - falar por suas próprias palavras. 
Não cabe a mim descrevê-lo, classificá-lo, qualificá-lo... 
Apenas o bebo e o sinto - e mudo dentro e fora...














ICEBERG

Uma poesia ártica,
claro, é isso que eu desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja possível.
Frase, não. Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?).
Sim, inverno, estamos vivos.

(Paulo Leminski)

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moinho de versos
movido a vento
em noites de boemia

vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia

(Paulo Leminski)

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a chuva vem de cima

correm
como se viesse atrás

(Paulo Leminski)

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ps.: me recordo do Quintana (Mário), quando este diz:


"A Coisa

A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita."

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marcus de barros.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Aforismos de Secchin

Tive acesso, em minhas leituras, à uma parte da obra desse poeta, ensaísta, crítico, doutor em literatura e professor, Antônio Carlos Secchin.
Aqui, por hora, deixo como referência alguns aforismos de sua autoria.

"A poesia representa a fulguração da desordem, o mau caminho do bom-senso, o sangramento inestancável da linguagem, não prometendo nada além de rituais para deus nenhum."

"A possibilidade de negociar com as palavras as frestas de perturbação e mudança de que elas e nós necessitamos para continuarmos vivos : a isso dá-se o nome de estilo."

"A poesia não pretende ser espelho do caos, hipótese em que tudo, isto é, nada, seria poético."

"Há poetas quase afônicos; de tanto espremerem para expressar alguma coisa, acabam exprimindo coisa alguma."

"A antiordem foi moderna no modernismo; repeti-la ainda hoje, sob a capa da vanguarda, é iludir o leitor, ao dar-lhe o passado de presente."

"O prosaico não é o oposto do poético, e sim do poemático, ou seja, do conjunto de convenções retóricas sobre as quais se estabeleceu o consenso de como um poema deva ser."

"Discurso conseqüente é o que consegue criar um avesso não-simétrico. Então, o contrário de alto passa a ser amarelo, e o sinônimo de escada passa a ser helicóptero."

"Como traduzir no mundo verbal o mundo plástico-visual? O risco é que muitos poetas acabem mudos de tanto ver."

"Se eu já soubesse o que o poema diria, não precisaria escrevê-lo. Escrevo para desaprender o que eu achava que sabia sobre aquilo que me vai sendo ensinado enquanto escrevo."





marcus de barros.

terça-feira, 16 de março de 2010

O verbo tem que pegar delírio.

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio.

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Um girassol de apropriou de Deus: foi em
Van Gogh.

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Manoel de Barros, em O livro das Ignorãças.




marcus de barros, em peixebola,
infinitamente menor, obviamente.

saramago, haitis

Quantos Haitis?

No Dia de Todos os Santos de 1755 Lisboa foi Haiti. A terra tremeu quando faltavam poucos minutos para as dez da manhã. As igrejas estavam repletas de fiéis, os sermões e as missas no auge… Depois do primeiro abalo, cuja magnitude os geólogos calculam hoje ter atingido o grau 9 na escala de Richter, as réplicas, também elas de grande potência destrutiva, prolongaram-se pela eternidade de duas horas e meia, deixando 85% das construções da cidade reduzidas a escombros. Segundo testemunhos da época, a altura da vaga do tsunami resultante do sismo foi de vinte metros, causando 600 vítimas mortais entre a multidão que havia sido atraída pelo insólito espectáculo do fundo do rio juncado de destroços dos navios ali afundados ao longo do tempo. Os incêndios durariam cinco dias. Os grandes edifícios, palácios, conventos, recheados de riquezas artísticas, bibliotecas, galerias de pinturas, o teatro da ópera recentemente inaugurado, que, melhor ou pior, haviam aguentado os primeiros embates do terramoto, foram devorados pelo fogo. Dos 275 mil habitantes que Lisboa tinha então, crê-se que morreram 90 mil. Conta-se que à pergunta inevitável “E agora, que fazer?”, o secretário de Estrangeiros Sebastião José de Carvalho e Melo, que mais tarde viria a ser nomeado primeiro-ministro, teria respondido “Enterrar os mortos e cuidar dos vivos”. Estas palavras, que logo entraram na História, foram efectivamente pronunciadas, mas não por ele. Disse-as um oficial superior do exército, desta maneira espoliado do seu haver, como tantas vezes acontece, em favor de alguém mais poderoso.

(.continua...)

(para ler o resto do artigo, aqui>>: http://caderno.josesaramago.org/2010/02/08/quantos-haitis/)


Colhido do blog Caderno de Saramago,




por marcus de barros... o também, por vezes, copista.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Manoel de Barros - d'O Livro das Ignorãças

















O rio que fazia volta atrás de nossa casa
era a imagem de um vidro mole que fazia uma
volta atrás de casa.
Passou um homem depois e disse: Essa volta
que o rio faz por trás de sua casa se chama
enseada.
Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás de casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.


Manoel de Barros, em O Livro das Ignorãças.




marcus de barros.

quinta-feira, 11 de março de 2010

tentativa de diagnóstico

amigos,
sobre este assunto - que virá - digo primeiramente que é uma metáfora profunda e que minha vontade é de escrever apenas uma frase na tentativa de pela inversão fazer com que a concisão traduza o extenso e complexo que disso está por trás:

este blog está doente, enfermo; quase em coma, diria...

o que se faz? a respiração pára, e nascem outras cousas? eutanásia? ou dá-se choques para tentar reanimar seu coração-virtual?




marcus.
reticente...

segunda-feira, 1 de março de 2010

morrison

por uma série de pequenos motivos e encontros (des)conexos aparentemente, escolho retomar as postagens aqui com essa matéria que acabo de ver em um blog que não este.

o endereço é: http://anos60.wordpress.com/2009/03/01/mortes-tragicas-no-universo-rock-jim-morrison/

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“Somos conduzidos ao massacre por plácidos almirantes. Lerdos e obesos generais tornam-se obscenos pelo sangue jovem”. Jim Morrison

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James Douglas Morrison (Melbourne, Flórida, 8.12.43 – Paris, 3.07.71) devia saber o que estava falando pois ele próprio era filho de um almirante. Jim Morrison, o Rei Lagarto, “Eu sou o Rei Lagarto, posso fazer tudo”, disse certa vez, assim como um dos slogans de Maio 68, “Nós queremos o mundo e o queremos agora”.

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A história oficial diz que na última noite de sua existência, Jim Morrison foi ver 2 filmes com sua namorada, Pamela Courson, em Paris, e depois foram para a cama. Ela conta que Jim sentiu-se mal e foi tomar um banho para se reanimar. Foi encontrado na banheira às 5 horas da manhã por Pamela. O que consta nos autos é que sua morte foi causada por um ataque cardíaco. Ele chegou a Paris depois que, em 1969, culpado de comportamento indecente durante um concerto – botou o pau prá fora e simulou masturbação – foi condenado a 70 anos de prisão, mas o pagamento de uma fiança de US$ 50.000 livrou-o provisoriamente. Esse evento foi responsável pela anulação dos concertos dos Doors.

jim-morrison-abrindo-a-calca

Jim andava pelas ruas de Paris carregando seus escritos em uma sacola plástica e fazia festas com seus amigos.

Também consta que Pamela não o tenha avisado de que aquilo não era cocaína e sim heroína da maior pureza. Significa que em primeiro lugar, Jim não era tão chegado em heroína. E depois, que, acostumado a uma determinada dosagem, ao usar essa dosagem com heroína pura, foi fulminado com uma overdose. Ainda há a hipótese de que Jim suspeitava que seria o nº 4 a morrer – depois de Jimi Hendrix, Janis Joplin e Brian Jones, a turma do j, todos com 27 anos – numa maquinação de autoridades americanas.

morrisonjim032207

Porém, pesquisando em jornais parisienses, descobri que na edição de 21 de julho de 2007 do Le Nouvel Observateur (v. http://www.challenges.fr/depeches/20070720.REU6075/), pouco depois do aniversário de 36 anos de sua morte, uma matéria da jornalista Dominique Vidalon conta que na data acima, através de um livro, Sam Bernett, o antigo gerente de uma boate parisiense, o Rock and Roll Circus, afirma que Jim Morrison morreu em uma das toilletes masculinas de seu clube, depois de uma overdose de heroína. Diz que manteve sua história secreta até que sua mulher deu-lhe a idéia de escrever um livro. “A turma de Jim Morrison, seus amigos próximos e sua namorada Pamela Courson decidiram pela versão de que não era uma questão de drogas, álcool ou overdose. Não polemizei por respeito à sua família e à seus amigos”, explica Bernett, em entrevista à Reuters no Flore, um café de Saint-Germain-des-Prés, um dos preferidos de Morrison. Disse que decidiu escrever para que a verdade seja enfim conhecida. No livro, intitulado “The End: Morrison”,

sam-bernett

Bernett conta que na noite de sua morte, Morrison foi visto em seu clube e que se encontrou com 2 homens que lhe venderam a heroína. Essa versão contradiz totalmente à contada por Pamela à polícia. Bernett diz que Morrison conhecia todas as celebridades que frequentavam o R&R Circus : Marianne Faithfull, Roman Polanski, Salvador Dali, etc.

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Alguém forçou a porta da toilette que estava fechada e descobriu Morrison caído no chão. “Sua face estava cinzenta, os olhos fechados e havia sangue saindo de seu nariz. E uma baba com espuma em torno da boca ligeiramente aberta. Jim não respira mais”, conta ele. Continua, dizendo que os 2 traficantes queriam crer que ele estava apenas inconsciente. Ele acha que Morrison foi levado ao seu apartamento e colocado na banheira na tentativa de reanimá-lo.

Jim Morrison foi enterrado em 7 de julho de 1971 no cemitério Père Lachaise. Não foi feita autópsia. Lá, seus vizinhos são Fréderic Chopin, Balzac, Edith Piaf, Alan Kardec, Oscar Wilde.

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A estranha inscrição KATA TON AIMONA EAYTOY, é uma frase em grego. Antes do Aimona tem um triângulo que pode ser lido como Delta, o D grego. Então ficaria, KATA TON DAIMONA EAYTOY, e significa ” CONTRA O DEMÔNIO INTERIOR”. O que resume sua vida.

Pamela Courson morreu de overdose em 1974, também com 27 anos.

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por hoje, é isso. ponto.

marcus.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Preciso me encontrar - compositor: Candeia


Uma pequena correção/elucidação,
porém que faz toda a diferença:
o fato de o compositor da poesia não ser o Cartola e sim o Candeia.
Cartola sim, foi o intérprete que a trouxe ao nosso conhecimento.

(http://cliquemusic.uol.com.br/artistas/ver/candeia)



Deixe-me ir preciso andar,
Vou por aí a procurar,
Rir pra nao chorar.

Deixe-me ir preciso andar,
Vou por aí a procurar,
Rir pra nao chorar.

Quero assistir o sol nascer,
Ver as águas dos rios correr,
Ouvir os pássaros cantar,
Eu quero nascer quero viver...

Deixe-me ir preciso andar,
Vou por aí a procurar,
Rir pra não chorar.

Se alguem por mim perguntar,
Diga que eu só vou voltar,
Depois que eu me encontrar...

Quero assistir o sol nascer,
Ver as águas dos rios correr,
Ouvir os pássaros cantar,
Eu quero nascer quero viver...

Deixe-me ir preciso andar,
Vou por aí a procurar,
Rir pra nao chorar.

Deixe-me ir preciso andar,
Vou por aí a procurar,
Rir pra nao chorar.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Music for one apartment and six drummers



fiquei atônito...

no limiar do absurdo...
esse vídeo vem dalí, da linha da tensão, onde se formam/desenvolvem as melhores coisas...

marcus.

sábado, 16 de janeiro de 2010



And I can't face the evening straight
You can offer me escape
Houses move and houses speak
If you take me there you'll get relief
Relief, relief, relief

...

It's too much
Too bright
Too powerful

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Livro do Desassossego



"Tendo visto com que lucidez e coerência lógica certos loucos justificam, a si próprios e aos outros, as suas idéias delirantes, perdi para sempre a segura certeza da lucidez da minha lucidez."
Bernardo Soares
em O Livro do Desassossego
(heterônimo de Fernando Pessoa)

pensamento sobre: "Lê Nietzsche, não sê nietzscheano"

"Lê Nietzsche, não sê nietzscheano." (Frase colhida nos arquivos do amigo De Morais)
Acerca disto, penso: pedra que deve ser recolhida para a viagem/busca.

Lembra que a busca se faz meta, e a meta dilui-se em novas buscas.
Os pontos de vista mais diversos - seja o singular e o universal, a metafísica e a matemática, a filosofia e o dia-a-dia - precisam ser encarados todos como inter-conectados, numa transdisciplinaridade que facilita a compreensão dos saberes, das coisas, dos mundos...

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

De chocolate a Morfina

In his book Chocolate to Morphine Dr. Andrew Weil correctly contends that, "Any drug can be used successfully, no matter how bad its reputation, and any drug can be abused, no matter how accepted it is. There are no good or bad drugs; there are only good and bad relationships with drugs."