"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

terça-feira, 20 de maio de 2008

O Poema e a Água

As vozes líquidas do poema
convidam ao crime
ao revólver.

Falam para mim de ilhas
que mesmo os sonhos
não alcançam.

O livro aberto nos joelhos
o vento nos cabelos
olho o mar.

Os acontecimentos de água
põem-se a se repetir
na memória.

(Poema do livro "Pedra do Sono", João Cabral de Melo Neto)



As imagens criadas por Cabral, numa eterna meta-poesia, me fazem tê-lo como o poeta.

marcus.
"Talvez a velhice e o
medo me enganem,
mas suspeito que a espécie
humana - a única -
está em vias de extinção
e que a Biblioteca
perdurará: iluminada,
solitária, infinita,
perfeitamente imóvel,
armada de volumes
preciosos, inútil,
incorruptível, secreta."

(Trecho do conto "A Biblioteca de Babel", Jorge Luis Borges)






marcus.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Geminado ao Nada

Na genealogia da incompreensão

Os pensamentos - ou talvez descobrimentos - que correm no corpo que anda, sumindo e evaporando junto ao tempo que se desmancha, adormecendo calado junto ao ser incorrido ao nada, são por “gene próprio” acometidos de uma beleza sábia. Se então contemplativo por natureza e advindo de um “caminhar” - ato, ou no sentido figurado de continuar-, onde caberá na existência esse “ser paixão”, ou paixões, que espiritualizadas ou não, uma vez refutadas refletidas em si são “suicidadas” ao vão? Elas são e cabem, mesmo que fúnebres, dissimuladas, desordenadas e incompreendidas - como talvez, ou “quase” aqui - no “tamanho” de um olho, ou olhar, ausentes de compreensão. Como nesse silêncio que se segue...


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