"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Trigêmeos (Ansiedade, ócio, e o ópio)

Música: Molto Vivace, Symphony No. 9 "Choral". / Ludwig van Beethoven

Ansiedade, ócio (e o ópio)... Há quem fale por puro empirismo, há quem interprete por auto-omissão, não abertura e pessimismo, onde a platéia se faz palco (oblíquo)... A vida -energia- depositada e nascente nos momentos sublimes é um único show descontinuo.

(Trigêmeos,) “Casados” e entrelaçados, na busca pelo conforto, no desconforto, do corpo (do altar), ou no estar como um estorvo é o quê, se não inquietude, juventude, e prazer?, Em descobrir-se (das “couraças” sociais), destruir-se (entre as demais facetas incondicionais do ser em), implodir-se de seu vácuo interior não satisfeito... ?

O homem não satisfeito dará sempre um movimento a mais de si além numa ruptura entre o que ser de destruição, intuição, ou até nova inocência... Toda destruição ou construção dum saber dar-se-á na não permanência; Vingue-se o ato! Abertura ao devir... Vamos, seres humanos, prolongar-se e demolir numa instancia unificada que seja fruto do ócio, inquietude da ansiedade como um “toque de existência”, pois na tragédia desse ocaso imanente pode estar o novo salutar (ou, o novo ópio).


Com um pé no parâmetro da possibilidade do reducionismo e seu mal-estar como um sintoma humano, eis aqui, uma fala...

D
Música: Blue Danube / Johann Strauss 2001 - A Space Odyssey soundtrack

Créditos

Confundo o ser e a realidade.
Distorço o que sou e o novo.
Desvio-me do dever para o belo.
Envolvo-me com o pouco que
permaneço na intensidade do eterno.
Evito-te, quando em ti me reflito.
Sou antes a fala um conflito;
entre o desejo de me declarar
e a ânsia pelo sumiço.
Calado, sou o ilibado,
Falante, sou ilícito,
O corte entre o atroz e o medíocre
na fusão entre o vazio e o que incide.
Meu âmago é uma valsa constante
em ressonância num recipiente profundo.
No escuro me habita um mutante
que confunde o desejo de estar
com a necessidade do mundo.
Vejo tudo como está na iminência de um
moribundo, que acorda forçado a constar,
desejando implodir-se de tudo.
Quando lúcido ludibrio o amar,
embriagado sou teu e de tudo onde há
no consolo de acalmar as dores
e rancores deste corpo transparente
inconstante e lúdico.

G