"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

quinta-feira, 28 de maio de 2009



















estava confabulando com o amigo gilsinho - após ter imaginado comigo mesmo ao tomar conhecimento do pequeno acidente - se talvez não exista a possibilidade remota de este evento - acidente com a belina - ter sido, de certa forma, sugerido pelo sonho da noite anterior.
ou mais claramente: será que é possível que, exatamente no lapso de tempo - instante exato em que o motorista da belina percebe o perigo iminente da batida adiante, pensa e necessita apertar o freio e freiar o automóvel - se exatamente neste recorte de tempo, entre a percepção da iminência da colisão e o ação de freiar em si, a mente do sujeito em questão trouxe-lhe à memória o sonho vivido recentemente (que se encaixava de certa maneira no episódio da ainda possível colisão, pois até este momento ainda não tinha acontecido de fato) e então a mente distraída com a memória recente distrai também o corpo e o acidente simplesmente acontece.
em suma: o sonho antecipa o acidente, sugerindo a destituição da linearidade do tempo, ou o sonho próprio termina influenciando as ações inconscientes do sujeito?
finalmente, não sei se adimitir qualquer das questões isoladamente é o mais sensato. por não querer negá-las as duas, admito que há a coexistência de motivos e significados concomitantes.


ps.: sobre a foto: percebes-te a tu mesmo refletido e invertido no farol direito da foto (esquerdo do carro)? construção em abismo ali.
talvez seja também construção em abismo o evento - acidente - dentro do próprio sonho.




marcus de barros.

2 comentários:

Gilson disse...

Eu já sonhei com o porvir, e essa complexidade é bela.

Rodrigo de Morais disse...

Foi pra mim uma experiência branda,
apesar dos contratempos, estive calmo com a situação no geral, ao mesmo tempo que fiquei um pouco sem entender a maneira como tudo acontece, um absurdozinho inusitado. No fundo eu sabia que fazia (ou estava para fazer) um certo sentido, sendo consequencia ou não de um sonho, sendo uma coisa ou outra; o que ia importar a partir de então era o que eu estaria para fazer com o ocorrido: a (re)significação do vivido... fui embora acenando um "até logo" para a mulher apreensiva com a cena toda. Guardei a experiencia no bolso da memória.

Imagem curiosa a do post!