"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

terça-feira, 11 de dezembro de 2007



Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.

Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela,
não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.

O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente.




Composição: Carlos Drummond de Andrade









achei que esse poema tá bem "no momento" que estamos vivendo...

e vem durando bastante...



"a gente não pode esquecer". "não me deixem esquecer que a gente nao pode esquecer".







marcus.

2 comentários:

Gilson disse...

gostaria de sentir sempre o que senti na sexta a noite, de perceber e ser. A verdade doi, e a verdade é que eu sou muito pouco em relaçao ao que eu poderia ser. E eu eventualmente terei de encontrar um caminho que ninguem o possa tirar de mim.

Rodrigo de Morais disse...

Por vezes, há uma abrangência tão grande na experiência do ser, já que a completude é a inexistência, que há uma satisfação e projeção na escrita que de tão bem sucedida compõe um paradoxal saboroso, é o que sinto agora sobre tais palavras do poeta e sobre a suas, Gilson, a respeito de toda interação. E depois da presença, a escrita revive as cores e reflete mais coerentemente uma certa, digamos, zona proximal da persona de cada um no momento da existência ante o entendimento dos outros.