"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Quanto ao outro

Quanto do ser está para outro, honestamente como absorção de uma outra imagem interior Distinta a si? Como uma “situação em conjunto”, o exacerbado auto-referencial que é detido único e arrogantemente no desejo de uma “extensão pessoal” em complemento de vontades próprias, poderá vingar uma relação de troca lúcida e saudável nessa “atuação mercenária” de egos a qual flutuamos?
Somente no conceito da auto-superação; na capacidade de fugir o espírito do corpo, o espírito, da estética – entendendo espírito aqui como momento superior da interpretação*; que se desloca de sua excessiva centralidade referencial, podendo assim observar o outro pelo estado de uma lucidez em um passo a frente de imparcialidade, pondo abaixo uma cadeia de julgamentos desnecessários. Desnecessário sim, pois, o que falta em si que faz com que esse outro incomode? O incomodo já é um estado de irritabilidade no ser. O ser em superação procurará entender seus vazios, ou buracos, e mesmo sem nada entender, contornar eventos, sendo ele o próprio autor de seus curativos, sem esperar, ou cobrar justificando no outro suas inquietações interiores, inquietações de elaborações do espírito* fragilizadas, abaladas, aos mofos até. Este é o “homem em vigília”, que se embriaga, e se contradiz, contendo e reformulando em si, cuspindo ao mundo por ferramentas das manifestações emotivas - se artista, seus traumas e ressentimentos, sem dar extrema relevância as conjecturas alheias possíveis às interpretações conseguintes de sua performance enquanto existente espírito de lucidez; sendo este aquele que busca a clareza de seu entendimento, estendendo sua chama em qualquer túnel sem luz. O ser em superação vai além de seus incômodos buscando Luz verdadeira, na luz dos céus, ou dos espíritos afins; seu real lugar de estar, "dobrando" sua náusea, "irritando-se" sobre um excessivo embelezar natural. A superior interação e possível real lúcida interpretação-limpa da situação em conjunto constatar-se-á na vontade do homem em si, romper de seu corpo tal espírito*, rebaixando o eu-narciso, tornando-se lucidamente seguro em ver o outro, num além dos seus sentidos que fará dos olhos e ouvidos uma integridade superior da absorção; unicamente Desejo. Configurando o outro então como “ser distinto”. Chegando a um outro estado de realidade, em uma igualdade de espírito em comunhão onde não há necessidade de mudar outrem, evitando-se assim a defasada embriagues de presumir seu auto-referencial um paradigma. A vontade de repetir-se e continuar no outro é estado de tolice. Tudo isso na ordem da “relação de identidade”, relação de natureza, relação em conjunto, situação social, observação dos espaços; numa sala de estar, cafeteria ou bar. Mais que isso é clínica.

R















Na foto: A beleza no Dark

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