"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Tirinhas: Alone


essa eu não poderia deixar passar...




marcus.

Denúncias: Duas denúncias contra as câmeras.

1. O sofrimento vira novela.




2. Você está sendo filmado.



Denúncia a tal abuso.
Grito pelo direito de vida livre das câmeras.







marcus.

Tirinhas: Malvados




marcus.

Série: Textos de Antonin Artaud

Com a postagem de alguns textos de Artaud, continuando uma série que na verdade já teve início há alguns dias, quando postei o texto sobre "A Liquidação do Ópio", tenho como intenção de compartilhar, divulgar ou apenas transcrever o que leio e que vem do espírito deste mais que conturbado e polêmico escritor/poeta/pensador que tanto me satisfaz ao passo que confunde ainda mais o meu também espírito.
Desta vez transcrevo a "Carta aos Reitores das Universidades Européias", que faz parte dos Manifestos e Cartas do Período Surrealista, do qual também faz parte o texto "Segurança Pública, A Liquidação do Ópio", que transcrevi dias atrás aqui.




"Carta aos Reitores das Universidades Européias

Senhores Reitores,
Na estreita cisterna que os Srs. chamam de "Pensamento", os raios espirituais apodrecem como palha.
Chega de jogos da linguagem, de artifícios da sintaxe, de prestidigitações com fórmulas, agora é preciso encontrar a grande Lei do coração, a Lei que não seja uma lei, uma prisão, mas um guia para o Espírito perdido no seu próprio labirinto. Além daquilo que a ciência jamais conseguirá alcançar, lá onde os feixes da razão se partem contra as nuvens, existe esse labirinto, núcleo central para o qual convergem todas as forças do ser, as nervuras últimas do Espírito. Nesse dédalo de muralhas móveis e sempre removidas, fora de todas as formas conhecidas do pensamento, nosso Espírito se agita, espreitando seus movimentos mais secretos e espontâneos, aqueles com um caráter de revelação, essa ária vinda de longe, caída do céu.
Mas a raça dos profetas extinguiu-se. A Europa cristaliza-se, mumifica-se lentamente sob as ataduras das suas fronteiras, das suas fábricas, os seus tribunais, das suas universidades. O Espírito congelado racha entre lâminas minerais que se estreitam ao seu redor. A culpa é dos vossos sistemas embolorados, vossa lógica de 2 mais 2 fazem 4; a culpa é vossa, Reitores presos no laço dos silogismos. Os Srs. fabricam engenheiros, magistrados, médicos aos quais escapam os verdadeiros mistérios do corpo, as leis cósmicas do ser, falsos sábios, cegos para o além-terra, filósofos com a pretensão de reconstituir o Espírito. O menor ato de criação espontânea é um mundo mais complexo e revelador que qualquer metafísica.
Deixem-nos pois, os Senhores nada mais são que usurpadores. Com que direito pretendem canalizar a inteligência, dar diplomas ao Espírito?
Os Senhores nada sabem do Espírito, ignoram suas ramificações mais ocultas e essenciais, essas pegadas fósseis tão próximas das nossas próprias origens, rastros que às vezes conseguimos reconstituir sobre as mais obscuras jazidas dos nossos cérebros.
Em nome da vossa própria lógica, voz dizemos: a vida fede, Senhores. Olhem para seus rostos, considerem seus produtos. Pelo crivo dos vossos diplomas passa uma juventude abatida, perdida. Os Senhores são a chaga do mundo e tanto melhor para o mundo, mas que ele se acredite um pouco menos à frente da humanidade."



PS.: anexo 1

dédalo s. m. adj.
dédalo
do Lat. Daedalu, n., p. s. m.,
labirinto; encruzilhada; confusão; complicação.
do Lat. daedalu adj., ant.,
engenhoso; complicado; executado com arte; ricamente adornado.




marcus.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Eclipse

All that you touch
All that you see
All that you taste
All you feel.
All that you love
All that you hate
All you distrust
All you save.
All that you give
All that you deal
All that you buy,
Beg, borrow or steal.
All you create
All you destroy
All that you do
All that you say.
All that you eat
And everyone you meet
All that you slight
And everyone you fight.
All that is now
All that is gone
All thats to come
And everything under the sun is in tune
But the sun is eclipsed by the moon.

There is no dark side of the moon really. matter of fact its all dark.





marcus.
impressionado (depois de tanto) com a profundidade pinkfloydiana.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008



O benevolente

Quand ils sont venus
chercher les communistes,
je n’ai rien dit :
je n’étais pas communiste.

Quand ils sont venus
chercher les syndicalistes,
je n’ai rien dit :
je n’étais pas syndicaliste.

Quand ils sont venus
chercher les juifs,
je n’ai rien dit :
je n’étais pas juif.

Quand ils sont venus
chercher les catholiques,
je n’ai rien dit :
je n’étais pas catholique.

Puis ils sont venus me chercher
et il ne restait plus personne
pour dire quelque chose.

Louis Needermeyer - Dachau, 1942


O Benevolente

Quando eles vieram
à procura dos comunistas,
eu não disse nada:
eu não era comunista.

Quando eles vieram
à procura dos sindicalistas,
eu não disse nada:
eu não era sindicalista.

QUando eles vieram
à procura dos judeus,
eu não disse nada:
eu não era judeu.

Quando eles vieram
à procura dos católicos,
eu não disse nada:
eu não era católico.

Então eles vieram à minha procura
e não restava mais ninguém
para dizer qualquer coisa.

Louis Needermeyer - Dachau, 1942

marcus.

Cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...


Álvaro de Campos






marcus.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

dispensa comentários..


marcus.
Poemas sobre a cidade do Recife e sobre a cidade de Bonito.
Me saiu um dia desses no caderno, sem que eu esperasse.



Recife.

Apartamento. Cigarros. Caos.
Papeis. Desenhos. Livros.
Borges. Labirinto. Casares. Ilha.
Imaginação. Delírio. Nu.

Amigos. Diálogos. Caos?
Vinho. Drogas. Ópio?
Cigarros. Coca-cola. Pague-menos.
Algodão. Cocaína? 
Sala. Quarto.
Amigos. Livros. Caos?

Pseudo-intelectualidade. Universidade.
Falsa classe-média. Empregos.
Desemprego. Salário. Mesada.
Gorjeta. Cigarros. Caos.






Bonito.

Belo. Esverdeado. Claro. Escuro. Frio. Chuvoso.
Agradável. Saudade. Cogumelos!
Sentindo. Sendo. Estando. Único.
Absurdo! Aprazível. Real. Delírio.

Raro. Belo. Verde. Azul.
Preto. Absurdo!
Branco. Amarelo. Nascendo. Amanhecendo.
Sendo. Vivendo. Cheirando. Nascendo. Sendo.
Apenas sendo! Estando. Sem nome.
Com vida. Meio-dia. Comendo.

Fruta. Vermelho. Amarela. Laranja.
Rosa. Árvore. Absurdo!
Tarde. Laranja. Amarelo. Violeta. Azul. Roxo.
Anoitecendo. Sendo! Apenas sendo. 
Preto. Sendo. Dormindo. Acalmando. Vivendo. 
Absurdo.






marcus T.