"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Aforismos de Secchin

Tive acesso, em minhas leituras, à uma parte da obra desse poeta, ensaísta, crítico, doutor em literatura e professor, Antônio Carlos Secchin.
Aqui, por hora, deixo como referência alguns aforismos de sua autoria.

"A poesia representa a fulguração da desordem, o mau caminho do bom-senso, o sangramento inestancável da linguagem, não prometendo nada além de rituais para deus nenhum."

"A possibilidade de negociar com as palavras as frestas de perturbação e mudança de que elas e nós necessitamos para continuarmos vivos : a isso dá-se o nome de estilo."

"A poesia não pretende ser espelho do caos, hipótese em que tudo, isto é, nada, seria poético."

"Há poetas quase afônicos; de tanto espremerem para expressar alguma coisa, acabam exprimindo coisa alguma."

"A antiordem foi moderna no modernismo; repeti-la ainda hoje, sob a capa da vanguarda, é iludir o leitor, ao dar-lhe o passado de presente."

"O prosaico não é o oposto do poético, e sim do poemático, ou seja, do conjunto de convenções retóricas sobre as quais se estabeleceu o consenso de como um poema deva ser."

"Discurso conseqüente é o que consegue criar um avesso não-simétrico. Então, o contrário de alto passa a ser amarelo, e o sinônimo de escada passa a ser helicóptero."

"Como traduzir no mundo verbal o mundo plástico-visual? O risco é que muitos poetas acabem mudos de tanto ver."

"Se eu já soubesse o que o poema diria, não precisaria escrevê-lo. Escrevo para desaprender o que eu achava que sabia sobre aquilo que me vai sendo ensinado enquanto escrevo."





marcus de barros.

2 comentários:

Rodrigo de Morais disse...

"Como traduzir no mundo verbal o mundo plástico-visual? O risco é que muitos poetas acabem mudos de tanto ver."

Espetacular, espetacular. Espetacular!!!

Gilson disse...

Olá, prezados, como estão? Achei tantos desses aforismos de uma visão desiludida de mundo, que talvez o autor devia experimentar o que é ser criança de novo, colocar um pouco mais de colorido nessa tela preto e branco. O mundo não é de plástico, plástico é adormecer os sentidos para o mundo. O exercício do sentir é algo que se busca, se afina, se ajusta, a modo de um pêndulo ao vento, e esse vento pode ser uma tempestade, mas quando o ambiente é de serenidade, sentir as núncias das vibrações ao redor é ao mesmo tempo um contato interno e a expansão de reconhecer em si o que está em volta. Podemos harmonizar ou não com o ambiente que está ao nosso redor, vai das intenções e circunstâncias de cada um, mas achar bom é bom, almejar se sentir bem é bom também. Os caminhos de uma vida se conduzem para uma diversidade de momentos, o que está mais próximo de nossas mãos é a maneira como nos conduziremos por esses momentos, reflete a vida que reconhecemos para si. Poderá ser uma destas a mover pedras, plantar flores, até mesmo de ver a beleza das pedras, pois estas sempre um lugar terão.

Amor, Gilson.