"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

terça-feira, 20 de abril de 2010

Leminski

Deixo-o - ou melhor, ele se deixa - falar por suas próprias palavras. 
Não cabe a mim descrevê-lo, classificá-lo, qualificá-lo... 
Apenas o bebo e o sinto - e mudo dentro e fora...














ICEBERG

Uma poesia ártica,
claro, é isso que eu desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja possível.
Frase, não. Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?).
Sim, inverno, estamos vivos.

(Paulo Leminski)

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moinho de versos
movido a vento
em noites de boemia

vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia

(Paulo Leminski)

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a chuva vem de cima

correm
como se viesse atrás

(Paulo Leminski)

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ps.: me recordo do Quintana (Mário), quando este diz:


"A Coisa

A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita."

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marcus de barros.

Um comentário:

Anônimo disse...

O leitor/receptor é poeta. É necessário ser poeta para compreender a poesia>>>

http://www.youtube.com/watch?v=Gm0vgiyhT1A&feature=related