Não cabe a mim descrevê-lo, classificá-lo, qualificá-lo...
Apenas o bebo e o sinto - e mudo dentro e fora...
ICEBERG
Uma poesia ártica,
claro, é isso que eu desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja possível.
Frase, não. Nenhuma.
Uma lira nula,
reduzida ao puro mínimo,
um piscar do espírito,
a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?).
Sim, inverno, estamos vivos.
(Paulo Leminski)
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moinho de versos
movido a vento
em noites de boemia
vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia
(Paulo Leminski)
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a chuva vem de cima
correm
como se viesse atrás
(Paulo Leminski)
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ps.: me recordo do Quintana (Mário), quando este diz:
"A Coisa
A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita."
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marcus de barros.
Um comentário:
O leitor/receptor é poeta. É necessário ser poeta para compreender a poesia>>>
http://www.youtube.com/watch?v=Gm0vgiyhT1A&feature=related
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