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A mais íntima e mais frequente fusão entre uma espécie de
simbólica dos gestos e o som denomina-se "linguagem". A essência
da coisa é simbolizada na palavra por meio do som e de sua
cadência, da força e do ritmo de sua sonorização; a representação
paralela, a imagem, o fenômeno da essência são simbolizados por
meio do gesto da boca. Os símbolos podem e precisam ser múltiplos;
eles crescem, porém, instintivamente e com grande e sábia
regularidade. Um símbolo entendido (gemerkt) é um "conceito":
porque ao ser retido na memória o som se esvai completamente, no
conceito só é guardado o símbolo da representação paralela. O que
se pode designar e diferenciar é o que se "concebe".
(...)
A partir do grito com os gestos acompanhantes surgiu a
"linguagem": aqui a essência da coisa é expressa por meio da
entonação, da força, do ritmo, enquanto a representação paralela,
a imagem da essência, o fenômeno são expressos por meio dos gestos
da boca.
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Gestos e som!
Prazer comunicado é arte.
O que significa a linguagem dos gestos: é a linguagem por meio de
símbolos inteligíveis universalmente, formas de movimentos
reflexos. O "olho" conclui imediatamente o estado que produz os
gestos.
Assim é com os sons instintivos. O ouvido conclui imediatamente.
Esses sons são símbolos.
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No que cabe à imagem, fragmentos tirados do "A Visão Dionisíaca do
Mundo", primeiro livro de Friedrich Nietzsche.
marcus.