"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

(...)
A mais íntima e mais frequente fusão entre uma espécie de 

simbólica dos gestos e o som denomina-se "linguagem". A essência 

da coisa é simbolizada na palavra por meio do som e de sua 

cadência, da força e do ritmo de sua sonorização; a representação 

paralela, a imagem, o fenômeno da essência são simbolizados por 

meio do gesto da boca. Os símbolos podem e precisam ser múltiplos; 

eles crescem, porém, instintivamente e com grande e sábia 

regularidade. Um símbolo entendido (gemerkt) é um "conceito": 

porque ao ser retido na memória o som se esvai completamente, no 

conceito só é guardado o símbolo da representação paralela. O que 

se pode designar e diferenciar é o que se "concebe".
(...)
A partir do grito com os gestos acompanhantes surgiu a 

"linguagem": aqui a essência da coisa é expressa por meio da 

entonação, da força, do ritmo, enquanto a representação paralela, 

a imagem da essência, o fenômeno são expressos por meio dos gestos 

da boca.
(...)
Gestos e som!
Prazer comunicado é arte.
O que significa a linguagem dos gestos: é a linguagem por meio de 

símbolos inteligíveis universalmente, formas de movimentos 

reflexos. O "olho" conclui imediatamente o estado que produz os 

gestos.
Assim é com os sons instintivos. O ouvido conclui imediatamente. 

Esses sons são símbolos.
(...)




No que cabe à imagem, fragmentos tirados do "A Visão Dionisíaca do 

Mundo", primeiro livro de Friedrich Nietzsche.




marcus.

Um comentário:

Gilson disse...

Bonito texto. De muitas maneiras compreender a linguagem é compreender como nosso mundo é formado!