"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ao amigo Rodrigo de Morais

(Imagem: Vasili Kandinsky)



é amigo,
"ouvi" ou "vi" sobre uma maneira de significar e situar a arte que me apeteceu bastante.
dizia que a arte é toda a tentativa do ser humano de imitar a natureza, o natural.
imitar pela música, imitar pelo verso, imitar pelo desenho, pela pintura, pela escultura, pelas telas. onde esse "toque de natural" teria sido perdido por nós desde a civilização do modo como conhecemos hoje, teríamos perdido o contato direto com a natureza, a ponto de nos colocarmos como indivíduos desconexos da natureza, onde o eu está aqui e a alguns passos está o mundo, a natureza, onde precisamos esticar o braço com muito esforço para sentir um pouco do calor da natureza. e a arte seria tudo isso que o homem faz que o faz sentir por perto novamente de algo ancestral, de algo antigo, do tempo que "éramos" também natureza. e cantar é isso, pintar é isso, sentir é isso. pois sentir é uma arte, das mais refinadas. a sensibilidade, o poder de percepção diferenciado no mundo que vivemos hoje é uma forma de arte, uma forma de buscar o natural dentro de homens como nós, uma maneira de imitar a natureza, de existir em fluxo e em ritmo com ela.
acredito que estaas almas, estes espíritos são "superiores" no melhor sentido, estes sensíveis, estas almas de artistas, estão mais interligados com o que rege as coisas, seja lá o que for, o cosmo, o tempo, o nada, o tudo.
depois li que aristóteles falou sobre isso já no tempo dos gregos, há mais de dois mil anos.
almas não têm idade, não tem tempo.
o espírito ou está frio, congelado, ou está vivo, sensível. e me sinto perceber.
enquanto a maioria apenas se torna máquina, fria, quase sem vida, quase sem espírito.
acredito ser um tipo de nobreza, de nobreza simples, essa que experimentamos, alguns de nós.



marcus de barros.

Um comentário:

Rodrigo de Morais disse...

interpretação ampla.
os traços fechados se misturam com as forma em aberto, entre triangulos, quadrados, e circulos; e um quase triangulo, quase quadrado, quase circulo. quebrando com a lógica da exatidão num contraste entre forma e quase forma.
vejo tanto isso em Vasili Kandinsky.
isso muito me apetece.
sobre cores, e abuso dos traços geométricos, vejo algo de lírico, uma poesia de sentimentos em traços e cores, num constraste entre as formas, com conteúdo largo.

:)