"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

re-postagem

re-mexendo aquivos (arquivos virtuais... quando percebo isto penso em começar a só escrever no papel, quem sabe comprar uma pena e um tinteiro...);...
enfim, recomeçando, re-mexendo em arquivos encontrei dois que já foram postados - o primeiro em novembro de 2008 e o segundo em abril de 2009 - senti o impulso e resolvi colocá-los novamente aqui, pois são temas que precisam sempre ser retomados.

ps.: sinto a necessidade de comentar que os procurei porque um professor pediu-me um poema em lugar da prova de conclusão de disciplina (teoria da literatura 4); achei que devia pôr este que se segue em primeiro lugar.

I. primeiro:
ao amigo De Morais

"por enquanto
e depois de quando
tem tu,
"arcústico", artístico e sensível
de um set-list intimista
caro raro e puro

ponto
no escuro
sua música me arrefece

desde os tempos idos dos diocesanos
e, ao vê-la (a sua música) criar ombros largos
lembro-me de nós, que éramos ainda mais franzinos
que éramos ainda mais pequenos
ainda mais imaturos
ainda mais despertos
quem éramos nós?

naqueles nós de personalidade
de música!
quem somos nós?

nós de cérebros, idéias,
vontades.
nós de imagem,
imaginação e fotografia.

de cena,
de música (de novo e sempre),
de psicologia?

de novo,
de tudo,
do que quer que fosse que viesse.
[e virá.

um click, de imagem, no meio da vida."
Marcus de Barros


segundo:

"De Morais:
"e quando tudo acabar? será o fim?" como tudo que acabou ultimamente,
(quase) percebemos que a existencia é circular.. ad infinittum

De Barros:
ou o tempo é circular ou o futuro é o passado e o passado é o futuro.
e toda essa estranheza que sentimos com o tempo se dá pelo consenso social de acreditar num futuro que seguirá, baseado na esperança, e num passado cheio de memórias deturpadas, como sugere Borges de maneira semelhante em seu A História da Eternidade.
o tempo, circular que seja, ou aleatório (gosto mais desta opção), ou labiríntico, contrário...
o importante é senti-lo.
e por mim parece que este - o tempo - vem cruzando meu corpo como se a matéria que o compõe fosse realmente transcendental (do meu corpo), pois sinto-me atravessado pelo tempo, pelo mundo, pelas pessoas..
até pelas palavras, quando ouso tocá-las ou apenas olhá-las.
acho que essa palavra é bem cabível neste instante, "atravessado".
como João Cabral de Melo Neto inicia seu poema sobre o Capibaribe, "como uma espada atravessa uma fruta, o rio atravessa a cidade". essa imagem me vem à mente e deveras me satisfaz cognitivamente, me parece bela e atravessada.
eu, sinto o tempo atravessar-me. como uma espada à uma laranja.
o que tento é pegar o cabo deste tempo-espada quando ele passa por mim e utilizá-lo como asas, ou barco, veículo pra ir a um outro espaço no tempo. num outro instante.
o que tento é perceber o instante como suficiente ao suprimir o futuro e o passado.
como num tempo circular, onde o agora volta, então precisa ser bem desejado e abraçado. na velha idéia do eterno retorno e vontade de potência mesmo.
numa ode ao tempo do instante.
num viva de hoje.
e para o amanhã deixo apenas o amanhã."




marcus de barros.

3 comentários:

Rodrigo de Morais disse...

De mim:

Talvez o mundo
Não seja pequeno
( !)
Nem seja a vida
Um fato consumado
( !)
Quero inventar
O meu próprio pecado
( !)
Quero morrer
Do meu próprio veneno
( !)
Quero perder de vez
Tua cabeça
( !)
Minha cabeça
Perder teu juízo
( !)
Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
( !)
Me embriagar
Até que alguém me esqueça
calo-me!

Gilson disse...

Anakin.

Quem ti fez isso?

Anônimo disse...

Chico diz tanto e tão bem né.
poeta.

poeta é também quem entende, poeta é também quem percebe, quem é sensível.