"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

(praticando a incompreensão)



O peso sobre mim é a grama de uma ilusão.

O peso sobre mim
é o leve sobre você.
A voz que me amedronta
é um sopro pra você.
O texto que me arrepia
é loucura pra você.
O cheiro que me enjoa
é uma delícia pra você
O ruído que me agonia
é boa música pra você.
A razão que me desvia
é o caminho errado por você.
O objeto que queimo azul
lê-se amarelo por você.
As fotos-sonhos de minha vida
é papel borrado pra você.
O filme que me angustia
não é lançamento pra você.
A festa que me anima
não é festa por você.
A luz do astro que me guia
é uma religião para você.

Mas a dor de cair no mundo
foi dor pra mim e pra você.
Foi nosso (des)encontro oriundo
de uma breve conclusão.
Foi um cadeado sem chave
sucumbido num permanecer.
Toda uma existência desejada
Amputada em dois corações.
No achar sobre um
que insistirá no outro sempre ser.
Na saudade de um absurdo
que estará sempre para acontecer.

(Sua dor e amor trouxe ao mundo
mais um conto sem conclusão.
Mas não a primeira história dilacerada
em metade de (in)sucessos
e a outra de ilusões.)

sonhores, perdoem a ousadia minha de todo dia.

de morais

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