DOIS ESTUDOS
1
Tu és a antecipação
do último filme que assistirei.
Fazes calar os astros,
os rádios e as multidões na praça plúbica.
Eu te assito imóvel e indiferente.
A cada momento tu te voltas
e lanças no meu encalço
máquinas monstruosas que envenenam reservatórios
sobre os quais ganhaste um domínio de morte.
Trazes encerradas entre os dedos
reservas formidáveis de dinamite
e de fatos diversos.
2.
Tu não representas as 24 horas de um dia,
os fatos diversos,
o livro e o jornal
que leio neste momento.
Tu os completa e os transcendes.
Tu és absolutamente revolucionária e criminosa,
porque sob teu manto
e sob os pássaros de teu chapéu
desconheço a minha rua,
o meu amigo e meu cavalo de sela.
João Cabral de Melo Neto
Quanto insinua a (grande) fotografia! A mim veio dizer sobre a arte muda, e a superação do aplauso.
De Morais
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
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