FOGO NA FALA
Fogo em minha imagem;
Minha singela existência, sem desejo de explicações.
A fala entorpece, falha e cansa.
Fogo aos discursos!
Sou uma paródia em traje estudantil.
Na escrita há algo mais preciso, revela diretrizes impulsivas de pensamentos que por muito não reflete a minha imagem na dose, quantia (e que seja ou não falácia), a fala corrompe e envergonha ainda mais.
Que não haja razão nas próximas existências;
Fogo nas casas prédios e estradas, nesse chão por baixo há outra história com mais vida, morta, que o asfalto tapou (Rodrigo Lima, 2000).
A escrita incorpora mais exuberância, leva ao chão, tem poder em apontar a existência simplória para lugar algum (desnortear), milhas a frente, o tempo não corrói.
Fogo neste texto, fogo neste tempo. fogo (!) na existência.
Fogo em minha imagem;
Minha fala incorpora meus desejos e repulsa desta existência.
A voz clareia os rumores de anseios, insulta e interfere; rasga!
Fogo em minha voz!
Sou uma platéia que escuta o sobressaltar da voz maior.
Na fala desenha-se um caminho, revela bifurcações, enxerga-se dúvidas cara a cara, eu grito aos pensamentos que me surgem para espancar, desafiar, é o grito da dor de existir.
Que haja um impacto vital a cada existência tal como retóricas deste tempo, para protestos oposições e escutas à Fala.
Fogo nos olhares indignados;
Que ascendam à singularidade de cada filho desta terra, que encoraje ou admita seu próprio temor na batalha.
Na fala há o poder sobre a condução, desde o mais alto escalão, ou o enfatizar refletido da mais dolorosa queda, para dar cara ao chão, para renomear ilusões, e sugerir rédeas (novamente).
Fogo para cada um. Fala para lutar com a dor. Fala para acalmar o ardor. Fala! Para direcionar uma existência, mesmo que múltipla, mas composta de um corpo crescido paulatinamente para o fim de um impulso revigorado na exuberância adquirida pela existência e o controle de si, então que assim seja, pela FALA!
... o coelho que foge ao fogo sem ritmo, nem falhas.
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
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2 comentários:
Põe fogo em minha fala!
Enquanto falo a palavra fogo,
a fala me foge
e o fogo me consome.
Ao invés de falar as palavras
escrevo-as.
E, uma vez escritas,
atiro-as ao fogo.
Ao mesmo fogo que um dia me queimou;
ao mesmo fogo que um dia me deu luz
para ler as palavras que queimei;
Ao mesmo fogo que um dia abracarei
em busca de palavras que não queimei, mas que também não disse.
Não disse por medo de queimar-me.
Não disse por medo do fogo.
Fogo que agora me queima,
enquanto falo a palavra fogo.
Enquanto queimo eu mesmo a mim mesmo, falando fogo, fogo,
e me afogo sem afago.
Marcus T.
Acerca de variações sobre o mesmo tema saindo do tom.
M
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