"Enquanto não conseguirmos suprimir qualquer uma das causas do desespero humano, não teremos o direito de tentar a supressão dos meios pelos quais o homem tenta se livrar do desespero."
Antonin Artaud

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Memórias inválidas

Enquanto você esteve tentando me apagar de suas entranhas, eu estive andando por ai.
Agora eu me tornei mais do que antes no espírito, visitei-me e encontrei um baú de destroços meus, fragmentados. Tomei o curso na direção interior da dimensão de minha busca, e antes do restante, a busca da minha sombra que me foge, -algo pra dizer do que rir de mim e eu nem sei o que é, sobre o que se trata. Eu o vejo agora sentado me olhando, eu nunca consigo entender suas feições, ele é bem mais rápido q
ue consigo imaginar, será ele minha ilusão favorita para representar as coisas que me envergonho, ou que finjo entender para não me sentir mais real? Sei lá, a maior parte me diz que ele é alguém que me encontrou no meio do nada, quando num nada estava eu a sua procura, nesse nada habitam outros vários e todos nunca estão desocupados. “Vagar é a tarefa mais árdua” diz ele. Ele me entende somente quando eu não o percebo, ele diz que meu eu natural é uma excelente atuação sobre a vida, mas seus dizeres são sempre vacilantes validando para este lado de cá, já que lá a razão é um artefato abstrato que se manuseia mais facilmente sobre as questões, ele diz que não entende o por que de eu nunca levá-lo tão a sério se o reflexo nos seus dizeres estão na representação dos outros sobre mim, e que ele é mais uma das sementes que cai de uma certa frutífera árvore. Ele é bem esperto, quando estou com dor de cabeça é por tanto lhe falar algum tempo. Vivendo e planejando eu acabo mesmo esquecendo passos atrás. Talvez eu já tenho pensado profundamente sobre a projeção que sou hoje de um olhar ainda presente num passado não distante. Muito passou, talvez eu nem tenha pensado, aqui estou escrevendo memórias, memórias inválidas de minha pessoa já fora do prazo.

5p0ck

nada parecido
como essa imagem atemporal -salvador dalí

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