domingo, 8 de julho de 2007
João Cabral de Melo Neto
Poema de João Cabral de Melo Neto do livro Agrestes, 1981-1985
O Último Poema
Não sei quem me manda a poesia
nem se Quem disso a chamaria.
Mas quem quer que seja, quem for
esse Quem (eu mesmo, meu suor?),
seja mulher, paisagem ou o não
de que há preencher os vãos,
fazer, por exemplo, a muleta
que faz andar minha alma esquerda,
ao Quem que se dá à inglória pena
peço: que meu último poema
mande-o ainda em poema perverso,
de antilira, feito em antiverso.
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2 comentários:
Sr João Cabral de Melo Neto, na minha imaginação, sendo esse quem provavelmente sairia um como contra-mão. Tenha certeza! descanse em paz. Fique de boa. Relaxe e desfrute.
Bela foto, emituza! (abraços)
uma câmera fotográfica moderna captura uma imagem que de moderno nada tem.
são pedro foi o motivo da fogueira,
mas o que eu comemorava era o fogo.
embora o verdadeiro motivo, o fogo e o vinho.
quem me esquentava, o vinho e o fogo.
uma taça de vinho numa mão,
a câmera fotográfica noutra.
minha mãe dum lado, miúda doutro.
colorido de um lado, preto e branco do outro.
um e outro, dum e doutro.
o retrato duma fogueira moderna, que de moderna nada tem.
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